quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Liberdade de expressão

Somos livres para manifestar nossa opinião, ponto. Aí, nesta manhã de temperaturas amenas penso, será? A manifestação pública de nossa opinião é um direito de qualquer cidadão deste país, garantido pela nossa constituição. Todos, do mais pobre ao mais rico, do intelectual ao analfabeto, todos podem manifestar suas preferências e sua opinião publicamente.

A manifestação da opinião obedece algumas regras, claro. Ela não pode ser preconceituosa e nem denegrir a imagem de seu próximo. Ligado à imprensa (TV, Rádio e Jornal) desde 1997, primeiro aprendendo com meu pai e depois alçando os primeiros voos como repórter cinematográfico, redator e repórter, aprendi duas palavras que são essenciais para um bom profissional da área, isenção e ética. Esta segunda tem um significado mágico. É o maestro que rege o bom profissional, não só da imprensa, mas de qualquer profissão.

Tomando por base minha formação como pessoa e como profissional começo a olhar a volta e avaliar algumas manifestações de opinião e de preferências. Eu posso estar enganado, mas em tempos de corrida eleitoral vejo coisas que na minha opinião não poderiam acontecer.

É comum nestas épocas de campanha as pessoas manifestarem (com material de marketing de seu candidato) sua opinião sobre sobre preferência, de partido e de candidato. Até aí acho ótimo, afinal, é a festa da democracia e discutir política, manifestar a opinião e conhecer os candidatos são premissas para um voto consciente. O que me deixa desconfortável é ver algumas pessoas usando de tal prática e que, na minha modesta opinião, não deveriam faze-la.

Aqui em Mondaí-SC vi veículos de médicos que atendem no posto de saúde adesivados. Vi secretários municipais com seus veículos igualmente adesivados. Vereadores, servidores da prefeitura, professores,  secretários de estado e deputados. A lista é longa por isso vou me ater somente à alguns exemplos.

Respeito a opinião destes profissionais e tenho convicção que o direito de manifestação da opinião lhe é assegurado por lei. Mas e a ética?

Como posso ter certeza que o bom profissional da saúde, caso saiba que minha opinião partidária é contrária a sua, vai me receber com o mesmo carinho e dedicação? Como posso me certificar que o professor não está (como líder nato que é), aproveitando-se para difundir sua preferência com seus alunos (que lhe seguem e tomam como exemplo). Como posso ter certeza que o secretário municipal não vai fazer vista grossa para o pedido de determinado cidadão que tenha opinião contrária a sua?

Eu ainda sou jovem e talvez o espírito de adolescente revolucionário esteja abrigando minhas entranhas, mas, em título de contribuição, e também visando criar um debate acerca do assunto, vou dar minha sugestão.

1º - O candidato à prefeito que pretende concorrer a reeleição deveria licenciar-se do cargo. A mesma prática deveria, espontaneamente, ser adotada pelos vereadores;

2º  - Secretários municipais, embora sejam escolhidos observando critérios partidários e não profissionais (lamentavelmente), não poderiam manifestar sua opinião, salvo se licenciassem de seus cargos públicos;

3º - Profissionais que atuam como contratados públicos igualmente deveriam se licenciar de seus cargos para fazer política;

Amigos leitores, as pessoas que colocamos no governo servem para nos representar e estão lá porque julgamos serem os melhores para cuidar de nosso dinheiro, nossos investimentos, nossa cidade e nação. Médicos, secretários, professores e tantos outros servidores são pagos para atuarem em suas funções sem qualquer distinção de cor, credo, sexo ou preferencia politico/partidária.

Pelos princípios éticos e pelo bem da sociedade eu acho que nenhum destes cargos que citei poderiam se manifestar sobre um assunto de tamanha delicadeza, política partidária.

Reflitam comigo: já imaginaram se órgãos de imprensa (sérios e éticos), promotores, juízes, policiais e outras funções de tamanha importância para a sociedade, simplesmente abandonassem seus princípios éticos e usassem de sua função em favor de candidatos políticos. Você confiaria em uma decisão judicial, por exemplo, em seu desfavor, se soubesse que o juiz de direito é favorável a uma frente política contrária a sua? Com certeza não. Mas e porque vou confiar no meu médico, então?

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